quinta-feira, 22 de novembro de 2012


Por que as revistas existem, abrem e fecham? Uma boa pergunta para a abertura do Capítulo 1 do livro Jornalismo de Revista / Maria Scalzo, 4ª. Ed. Ver. e atual. – São Paulo: Contexto, 2011.

Luiz Humberto Carrião
editor 

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O ESTOUROU DA ‘BOLHA’


“NÃO SEI SE O TUMULTO DA COMERCIALIZAÇÃO ESTARIA CONTURBANDO ALGUMA COISA: PARECE QUE HÁ MUITOS TÍTULOS DE GIR E ESTÁ SOBRANDO ANIMAIS POR AÍ”.  Royalties a doutor Evaristo Soares de Paula. Anais do Simpósio Especial sobre a Raça Gir, 1989.

O posicionamento exclusivo e diferenciado ao GIR fez nascer uma marca poderosa e de absoluta confiança: GIR LEITEIRO. Uma ‘trustmark’. Imprimiu um conceito ‘brand’ indicando uma funcionalidade à raça significando sinal de qualidade e fator de diferenciação. Isto acabou por gerar uma relação de cumplicidade com seus consumidores ao oferecer satisfação e compensação no refletir do que ‘gosto’ e do que ‘preciso’. Ao incorporá-la culturalmente, o consumidor/criador projetou em sua personalidade o que é ser criador de GIR LEITEIRO: prazer, status, poder, etc.. A expressão passou a funcionar holisticamente autoafirmando sua identidade: ‘sou criador de GIR LEITEIRO’. O integrou em sociedade definindo, consciente e inconscientemente, suas atitudes: o que ‘quero’ e o que faço’. O ‘feedback’ de relações /experiências positivas com a expressão e melhores preços no mercado geraram uma cumplicidade tornando o consumidor/criador num advogado da causa. Crenças e valores ficaram confirmados e comprovados ao agregarem valores ao próprio consumidor estabelecendo um sentimento de gratificação e, consequentemente, de autoestima. Enche o peito para dizer: ‘sou criador de GIR LEITEIRO’. A cultura criada em torno da expressão GIR LEITEIRO projetou uma única aptidão selecionável e aceitável à raça, o leite. O GIR LEITEIRO passou a ser o legítimo representante da raça zebuína no Brasil. A palavra PADRÃO até então usada para diferenciar o importado (com chifres) da variedade mocha (sem chifres) criada no Brasil, passou a designar indivíduos que não recebiam o rótulo de GIR LEITEIRO, porém, enquadrados no ‘padrão racial’ exigido pelo SRG/ABCZ. Foi inclusive uma necessidade diante de tamanhas concessões do serviço cartorial ao GIR LEITEIRO no tocante ao padrão racial. Era como se houvessem duas raças Gir: ‘padrão’ e ‘leiteiro’. Há uma suspeição por parte dos ‘puristas’ de que o GIR LEITEIRO originou-se fora da consonância entre puros de origens, e sim, através de cruzamentos absorventes utilizando-se do LA (Livro aberto), onde após a segunda geração com paternidade PO (puro de origem) recebe a categoria PO. Fala-se, inclusive, em ingerência de outras raças na sua composição. Mas isso é assunto para outro texto. Marca poderosa e de confiança do mercado; cúmplice de seus consumidores; incorporada culturalmente à personalidade de seu criador/consumidor, autoafirmando sua identidade; integrando-o em sociedade através de crenças e valores externados num sentimento de gratificação e autoestima, não pode mais parar. Nunca! Gir é leite, leite, leite, leite, infinitamente, leite. O escritor João Ubaldo Ribeiro, num programa de entrevista dizia ‘que o Universo não é contra nem a favor, ele existe!’. O mesmo dia em relação ao Mercado. Não é contra, nem a favor. Ele existe. É indiferente. Porém, cobra caro pelo erro. Esse erro existiu? Sim! Ao invés de uma pressão seletiva para a produção de leite, objetivou-se a produção de lactações para dar sustentação ao ‘marketing’ da marca. Todo criador de GIR LEITEIRO tornou-se um selecionador tendo como objetivo de seu trabalho a comercialização de genética, seja através de sêmen, embriões ou animais vivos. E, para isso, o ‘status quo’ haveria de ser mantido. Os que saíram à frente foram seguidos de perto pelos que vinham atrás. A produtividade (quantidade de produção) de uma vaca Gir num curral foi substituída pela potencialidade de lactação nos Controles e Torneios Leiteiros. Resultado: a ‘bolha’ estourou.

“O PASSADO CONSOLIDOU POSIÇÕES DE PUREZA RACIAL, O FUTURO NOS RESERVA A EFICIÊNCIA RACIAL” [...] “É IMPOSSÍVEL UM PAÍS TROPICAL COMO O NOSSO PRETENDER TER UM MILHÃO DE SELECIONADORES DE SEMENTES ZEBUÍNAS PURAS”. Royalties ao doutor João Gilberto Rodrigues da Cunha. Anais do Simpósio Especial da Raça Gir, 1989.

Luiz Humberto Carrião.
Outubro/2012  

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Pupilos e pupilos


Pupilo [do latim pupilo] s. m. 1. Órfão menor a cargo de tutor; 2. Educando, colegial, aluno; 3. Fig. Protegido, valido. Assim o define o Novo Aurélio, 1999. Em todos os sentidos, inclusive no figurado, existe sua razão de ser. Pelas mãos de um tutor, um menor (pupilo) pode ser educado, tomando como referência a origem latina da palavra, ‘educere’, isto é, eduzir ou ‘por para fora’ valores que, em sociedade, sempre estarão a objetivar o respeito, direitos e deveres. Por outro lado, um educando, colegial ou aluno, ao contrário da educação, recebe através de um mestre e compêndios, a instrução [do latim instructiones], ato ou efeito de instruir, isto é, valer-se de conhecimentos já existente para o seu aperfeiçoamento; e, por último, em sentido figurado, protegido [part. de proteger, s.m. do latim protegere] dispensar proteção a; ajudar; auxiliar. Se por um lado a educação objetiva o sujeito, a instrução o predicado, a proteção consolida a formação. Aquele que protege age em reconhecimento aos talentos de seu pupilo. Educado, em situações adversas não odeia e nem vinga. Sabem por quê? Porque aprendeu que ‘nada é mais hipócrita que o perdão, e nada é mais violento que a vingança’. O talento, a educação e a instrução fazem dele um homem confiante em si mesmo, autorrealizado, independente da presença desse protetor ou não. Até entendo situações em que o pupilo não teve tutor, não teve ‘mestre’ e arredio aos livros pelo puxa-saquismo se fez protegido. O universo não é contra, nem a favor. Ele existe! Royalties a João Ubaldo Ribeiro.

O que faz do humano um ‘puxa-saco’? A expressão é registrada no dicionário Melhoramentos como s. m. e f. bajulador vil, adulador. A origem desse ato abominável, segundo alguns estudiosos, tem suas origens nos Chipanzés, organizados em uma hierarquia de comando, onde os mais fracos passam quase que todo o tempo disponível paparicando os mais fortes. O ritual consiste em beijar os pés do chefe, levar oferendas sem sentido (para nós humanos) como folhas e gravetos, até entrar na fila para fazer cafuné. “Seja por gene, seja por observação direta, o fato é que a chegada desse comportamento bizarro ao universo dos homens foi só um pulo”. Cientistas sociais costumam rotular a bajulação (puxa-saquismo) “como processo adaptativo para garantir a sobrevivência”. Para os cientistas, “segue os mesmos princípios da era das cavernas, mais tarde repetidos na adoração dos faraós e na adulação dos reis absolutos nos séculos seguintes, até se disseminar hoje como uma praga no mundo corporativo”. Para o ‘puxa-saco’ o desaparecimento do protetor significa o caos. Por isso, sua propensão à ‘patologia do vazio’ transmutada em agressões estúpidas e sem sentido.

Existem pupilos e pupilos. Uns, através da educação chegam ao estágio superior da evolução; outros, falto dela, continuam agir dentro de ‘seus instintos mais primitivos’, royalties a Roberto Jeferson.

Luiz Humberto Carrião

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Equação leiteira


Um estudo levado a efeito sobre a produção leiteira no Brasil no ano de 2011 apresentou o custo de produção de 0,67 centavos de real para o litro de leite remunerado a 0,80 cents produzindo um rendimento líquido que poderia chamar de lucro de 13 cents. Neste contexto, o empreendedor do setor, na ponta de produção da cadeia produtiva, o produtor de leite, para a obtenção de uma renda livre de um salário mínimo mensal (R$645,00) dependerá da produção de 4.961,53 litros de leite, correto? Para tal, terá que manter em ordenha diária, durante 30 dias, 10 vacas com uma produção média/diária de 16,43 litros de leite, o que não é fácil em conformidade com o rebanho nacional. Essa é a equação sobre o ganho real com a produção de leite equivalente a 1 salário mínimo mensal.

Tomando os dados referenciais acima, 10 produtos aparecerão como valor agregado à produção de leite. Provavelmente, 5 machos e 5 fêmeas, onde os machos desmamados alcançarão no mercado o preço de aproximadamente 350 reais na desmama e as fêmeas 550. Serão mais 4.500 reais, quase equivalente à receita proveniente do leite, o que em termos redondos poderíamos chegar a 2 salários mínimos mensais. Um propiciado pela produção de leite, e outro, pela venda dos produtos nascidos e comercializados na desmama.

Quantas vacas leiteiras de 16,43 litros/leite/dia seriam necessárias para a sobrevivência decente de um produtor rural?

Sim!... Ia me esquecendo. Se seus rendimentos mensais estiver entre 1.637,12 a 2.453,50 reais, não esqueça da alíquota de 7,5% do Imposto de renda; de 2.453,51 a 3.271,38, alíquota de 15%; de 3.271,39 a 4807,35 alíquota de 22,5% e, acima disso, alíquota de 27,5%.

Outra coisa. Se suas vacas foram mestiças gir x holandês, depois da 6ª lactação será providencial a troca das mesmas por animais de primeira cria.

Luiz Humberto Carrião

sábado, 30 de junho de 2012

A raça Gir e o Leite

Sou da opinião que a raça GIR em termos de potencialidade (mecânica) induzida já mostrou sua capacidade. Agora é tempo de mostrá-la em termos de média de ordenha. Sair do individual para o coletivo. Isto sim, dará a raça a condição de expansão nos currais leiteiros, notadamente, naqueles que se encontram em propriedades abaixo de 50 alqueires goianos (48.000 m2) que respondem por 70% do leite produzido no Brasil. Todavia, que isso seja levado a efeito através de um gado GIR PURO DE ORIGEM. A adjetivação 'padrão', 'dupla aptidão', leiteiro' pouco importa! Que seja um gado PURO DE ORIGEM e não, um gado muita das vezes holandesado que alcançou a categoria PO , porque neste caso, já existe uma realidade que é o mestiço (gir holandês). Aí sim! Poderemos partir para um debate, acima de tudo, real e consciente, e não revestido por uma maquiagem. Também, que essa capacidade de produção de leite seja trazida a efeito com a relação custo/benefício desse leite dentro da realidade de cada propriedade. Realidade essa que irá determinar sobre o custo desse leite. Não podemos dissociar esse custo dessa realidade e do manejo utilizado. Noutro dia, o Bolsanello emitia aqui a opinião da necessidade do VERDE na dieta do animal lactado, onde para ele, a silagem acaba entrando como concentrado. É um dado interessante que precisa ser estudado e resultados apresentados. Esse verde poderia advir de pastagens convencionais, ou, na falta dessa, poderia vir através de capim triturado (específicos) em mistura com a silagem? Esse uso do verde representa o que em % na produtividade láctea? Tudo isso se faz necessário para que possamos alcançar o patamar que desejamos para a raça. Mas antes de tudo, que seja levado a efeito a raça GIR com pureza de origem. Outro detalhe é com relação a qualidade do leite. A literatura nos revela que o leite é composto de sólidos e água. Os sólidos representam em torno de 13% e o restante 87% é água, aliás, uma substância em abundância no Brasil. Há que se empreender uma ação no sentido de que seja reconhecido de maneira real esse sólido por parte das industrias lácteas. O leite precisa ser deixado de ser medido pela quantidade de água, e sim, pelo percentual de sólidos. E não falo isso em termos de Concursos Leiteiros, não! Isso precisa ser valorizado é pelo laticínio. Um leite com maior percentual de sólidos não pode ser pago ao preço daquele com maior quantidade de água. Isso só é interessante para o laticínio no beneficiamento do mesmo na produção de alimentos lácteos sólidos. Neste momento o que assistimos em Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso em relação ao gado de corte? Entidades representativas da raça Nelore juntamente com os criadores em voz única contra o monopólio de um frigorífico que se mantém às custas de financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) com juros subsidiados promovendo sua expansão pela região produtora de carne no sentido de impor sobre o preço da arroba. Na pecuária leiteira a gente não vê isso. E ela se faz necessária, afinal, no Brasil as ações políticas só andam através de pressão. Temos que ter sempre em mente esse axioma.

Luiz Humberto Carrião
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Ilustração: matriz Gioconda LHC (Luiz Humberto Carrião)

terça-feira, 26 de junho de 2012

Gir: do universal ao individual


Duas assertivas me chamaram a atenção nas reuniões de diretoria da ABCZ. Ambas defendidas por diretores que ocupavam o cargo de vice-presidente na entidade. Vicente Araújo de Souza Júnior, Vicentinho, ao afirmar que as decisões naquela mesa não poderiam tomar como referencial dados estatísticos levados a efeitos através de mensurações quando da entrada nos animais para a Expozebu, justificando que a realidade do campo era bem diferente. E é! Outra, defendida por Willian Koury, de que a pecuária de produção é que dá sustentação à pecuária de elite, entendendo como 'pecuária de elite', aquela cujo objetivo primordial trata-se do Melhoramento Genético como produto de mercado. E é! São assertivas corretíssimas levadas a efeito no universal em se tratando de discussões levadas a efeito pela entidade maior do Zebu, e que, de maneira alguma impedem que no individual, cada criador venha praticar esse melhoramento genético em seu rebanho dentro da objetividade de exploração a que se propõe, independente da raça escolhida. Aliás, aqui também assume um papel decisivo no sucesso do empreendimento. O melhor animal de corte não é o mais pesado, e sim, aquele que consegue maior velocidade de ganho de peso do seu nascimento ao abate com maior rendimento de carcaça e qualidade da carne, e, com relação a produção leiteira, já foi dito aqui, 'a melhor vaca não é a que produz mais leite, e sim, a que mais lucro propicia ao bolso do criador'. São visões que transcendem o romantismo dentro de uma visão empresarial moderna. Não é porque a raça Nelore, por exemplo, seja classificada como de função frigorífica que suas fêmeas não podem ser utilizadas como receptoras a embriões de aptidão leiteira. Não possui o reservatório (cisterna) no raças como a Gir, Guzerá ou Sindi, mas são ótimas em habilidade maternal, caso contrário não desmamariam bezerros pesados como o fazem; o mesmo diria com relação a raças convencionadas, 'em absoluto', como produtoras de leite, como a Gir, servirem a cruzamentos industriais para a produção de carne, se considerarmos seu posterior avantajado, a ossatura leve com um rendimento de carcaça extraordinário, além, é claro, da habilidade maternal associada a um rendimento extra que é a produção de leite. Então, não vejo o cruzamento industrial na raça Gir como falta de paciência, talento ou competência para fazer Melhoramento Genético em raça pura, e sim, uma opção num empreendimento. Infelizmente, no Brasil, todo criador de Gir, em específico, entende que o negócio é produzir genética. Sim, genética, porque o leite vem do mestiço com exceções de raríssimos currais. Ora, se todos trilharem por esse caminho, a produção de genética, o que pensar sobre a demanda? Trabalhar eternamente para a produção de animais melhoradores? E os animais melhorados, fazer o quê com eles? Traduzir a raça, no caso da Gir, em simples produção de lactações em Controles e Concursos leiteiros não é inteligente. Porque na visão do produtor de leite o mestiço ainda é a opção mais lucrativa. O romantismo alegra o coração e massageia o ego, mas todo negócio necessita de sustentabilidade a si mesmo e àquele que nele investe. Trata-se da pedra angular de qualquer empreendimento.

Luiz Humberto Carrião
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Ilustração: matriz GIR crioula do rebanho LHC (Luiz Humberto Carrião)      

domingo, 24 de junho de 2012

Gir é leite, nada mais! Será?


Acompanhei aqui (facebook) comentários sobre a queda dos preços de animais da raça GIR na bolsa, notadamente, aquela referenciada pelos leilões. Não podemos esquecer que o mercado é regido por sua lei específica – oferta e procura – cuja relação determina o valor do produto. A equação é simples: se a oferta é menor do que a procura, a tendência dos preços é de alta, e, em contrário, oferta maior que a procura, tendência de baixa. Uma pergunta poderia responder o que está ocorrendo nesse mercado: existe um touro chamado C.A. Sansão que há anos ocupa a liderança no ranking de animais da raça GIR provados no Teste de Progênie executado pela EMBRAPA – gado de leite – em parceria com a ABCGIL e Sumário da ABCZ/UNESP levando-o a ser considerado um fenômeno na raça. Pois bem, qual o criador brasileiro que não possui filhas desse touro? Somente aqueles que não as desejaram. O mesmo pode-se afirmar em relação a outros animais. A inseminação artificial possibilitou isso. Mas essa, não pode ser considerada, em absoluto, a única justificativa para o desaquecimento do mercado. Outra questão levada a efeito foi a opção de funcionalidade única dada a raça, o leite, ignorando outras possibilidades como os cruzamentos industriais. Isso impediu a criação de um rebanho brasileiro de produção para atender a demanda dos criatórios que optaram por investir em genética. Gir é leite, nada mais! Elegeram um mito para o marketing: altas lactações individuais, como se elas traduzissem realidades dos currais. Um erro imperdoável! Atualmente, criadores da raça Nelore, na condição de integrados, estão trabalhando cruzamento industrial com a raça europeia Aberdeen Angus ou Red Angus com um ganho em torno de 30% a mais que os bezerros convencionais na desmama. Um bezerro nelore na desmama está sendo comercializado hoje, 24, a 650 reais. Façam o cálculo do preço alcançado pelo produto oriundo do cruzamento industrial? Fora da condição de integrado, obtém um abate aos 18 meses com 16 arrobas para machos e 14 para fêmeas, terminados em confinamento. As fêmeas resultante desse cruzamento (½ sangue nelore x angus) se retida no rebanho para a produção do 'tricross bovino' com a raça Wagyu (japonesa), ao produto desmamado impõe-se um ganho de 50% aos bezerros nelore x nelore. O que dizer da raça GIR possuidora do posterior mais avantajado de todos os zebuínos; de mais fina e leve ossatura propiciando maior rendimento de carcaça? Agora vamos fazer o cálculo em cima de 80 vacas GIR em cruzamento industrial agregando a este 4 litros de leite/dia. 80 x 4 = 320 x 0.80 R$ = 256.00R$ x 30 dias = 7.680 R$. Qual o custo com uma vaca GIR para a produção diária de 4 litros de leite? Façam agora a conta do rendimento obtido com a venda dos bezerros desmamados acrescida do rendimento obtido pela venda do leite? Coloquem de um lado as despesas e de outro a receita para uma relação de análise custo/benefício. Quantos alqueires são necessários para a criação de 80 vacas GIR paridas? Por outro lado, muitos foram os rebanhos 'gir leiteiro' que disponibilizaram 95% para a produção de mestiço ½ sangue com a raça holandesa ficando somente 5% para a reposição GIR. Todos sabem que a renovação num rebanho mestiço leiteiro ocorre após a 6ª lactação/indivíduo, propiciando uma demanda extraordinária ao produtor desse mestiço ½ sangue. Não falo aqui na produção de receptoras zebuínas pela pequena população de fêmeas GIR sendo mais fácil a utilização do touro zebuíno de aptidão leiteira em vacada nelore. Muitas campanhas se exaurem e com elas os produtos quando o consumidor toma consciência de que ela não traduz o resultado anunciado. Isso, foi o que aconteceu com a raça GIR, quando lhe impuseram uma diferenciação exclusiva ao afirmarem ser uma raça zebuína de funcionalidade única, produção de leite.

Luiz Humberto Carrião