domingo, 29 de abril de 2012

Gir, uma releitura necessária

Fábulas são pequenas histórias ilustrativas que trazem na conclusão uma reflexão. Existe uma de Esopo muito interessante, a galinha dos ovos de ouro. Certa manhã, um fazendeiro descobriu que sua galinha tinha posto um ovo de ouro. Apanhou o ovo, correu para casa, mostrou-o a mulher dizendo: _Veja! Estamos ricos! Levou o ovo ao mercado e o vendeu por um bom preço. Na manhã seguinte a galinha pôs outro ovo de ouro, que o fazendeiro vendeu a melhor preço. E assim se sucedeu por vários dias levando o fazendeiro a uma indagação: 'se esta galinha põe ovos de ouro, dentro dela deve haver um tesouro!" Matou a galinha, que por dentro era igual a qualquer outra. Moral: quem tudo quer tudo perde. O zebu foi trazido de seu berço, a Índia, pela adaptabilidade extraordinária ao solo brasileiro, onde, com o passar dos anos a raça Nelore se estruturou como a grande produtora de carne levando o país a um dos maiores produtores desse tipo de proteína no mundo e, a Gir em igual estrutura na produção de leite. O sangue Gir, direta ou indiretamente (cruzamentos), encontra-se presente em mais de 80% dos currais leiteiros do país. É um dado estatístico de muita significância que não deixa qualquer dúvida sobre sua importância na pecuária brasileira. Em ambas um dicotomia: de um lado criadores que investem em genética e, de outro, os que aproveitam dessa genética para melhorar o desempenho produtivo e reprodutivo de seus rebanhos. Na raça nelore o que se chamou de avanço técnico/científico ao que parece não surtiu o efeito desejado junto aos rebanhos de produção, uma releitura se fez necessária; na Gir, ainda relutam a essa releitura.     

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Gir, uma reflexão

Qualquer criador de gir, principalmente aquele que frequentou a EXPOZEBU tempos atrás, afirmar que não é prazeroso ver essa quantidade significativa de animas no maior evento de zebu do mundo, não está sendo sincero nem com ele mesmo. Agora, daí imaginar que a raça gir alcançou um crescimento extraordinário a ponto de ocupar uma liderança que até então foi da raça nelore é outra. Como era triste chegar em Uberaba e ver somente dois pavilhões abrigando a raça gir, e às vezes, um deles completado com outra raça zebuína de menor densidade populacional no Brasil. Não que o gir não devesse compartilhar um pavilhão com raças co-irmãs. Nada disso! Mas pela importância que ela teve na estruturação do zebu neste país, em dado momento servir de chacota aos criadores de outras raças, era ruim. Quantas vezes cheguei a ouvir que o problema do gir não era com a ABCZ, e sim com o IBAMA. Sei que se tratava de brincadeira, mas quando se gosta de uma raça, acredita nela é péssimo ouvir isso. A raça nelore continua a mesma, com pujança de sempre. O que mudou foi o foco sobre a pecuária de elite. A ação dos selecionadores para pista de Uberaba não estava conseguindo mais reação junto ao mercado. Os pecuaristas comerciais que procuravam animais melhoradores no desempenho produtivo de seu plantel entendeu o que estava acontecendo; por outro lado, investidores gostam é de dinheiro, estão pouco preocupados com esse negócio de padrão racial, pureza de origem etc. Eles também se aperceberam que o negócio era bem diferente. E começou por eles, a saga de liquidação de plantéis da raça nelore. Mas o liquidado foi o nelore da moda, aquele que alcançava peso através de alimentação balanceada e muita das vezes até acompanhado por um personal trainer, o nelore de pista. Enxergaram que o sucesso da pecuária de elite está em sua aceitação na pecuária comercial. O melhor cliente da pecuária de elite não é aquele que compra um animal caríssimo para logo em seguida tornar-se concorrente da mesma, é sim, o pecuarista comercial, que a cada 5 anos se vê na obrigação de renovar seus reprodutores. E quantos reprodutores novos essa pecuária comercial necessita por ano? Alguém já pesquisou esses dados? A pecuária comercial se reproduz utilizando de touros, porém, através de indivíduos que tragam resposta ao investimento. Outro problema na pecuária de elite da raça nelore, me confidenciada por um amigo que a praticava era o alto custo de preparação de um animal para a pista de Uberaba. Chegou a falar que num manejo adequado o gasto era de 200 reais por dia/animal, e quando o mesmo era vendido, ou contratado por um Central de Coleta e Comercialização de Sêmen não trazia o retorno necessário. Na verdade faço a leitura de que o que houve foi uma consciência da necessidade de dar um passo atrás, para uma reordenação e em seguida continuar a caminhada. E essa pessoa me dizia: "Carrião, cuidado! O gir está indo pelo mesmo caminho". E está! Os preços alcançados nos últimos leilões, a dificuldade em vender animais nos currais já é um sintoma claro de que o repensar da raça é uma necessidade premente. Vários são os indicativos para isso. Aonde estão os criadores de nelore que estavam investindo no gir? O mesmo pode-se perguntar sobre os investidores urbanos, aonde estão? O marketing levado a efeito sobre as 'altas lactações' na raça deixou de ser a grande atração do mercado; as vacas 'gpadrão' filhas de touros não provados e de mães não lactadas assim que colocadas em manejo em igualdade com as 'gleiteiro' deram resposta semelhante, o que de certa forma criou uma expectativa sobre o resultado da 1ª bateria do Teste de Progênie da GirGoiás; grande parte das matrizes gir adquiridas nos leilões encontram-se atualmente produzindo 1/2 sangue com a raça holandesa; os preços, apesar da euforia, vão acomodando para o desespero de muitos; o aperto com relação a exigência do padrão racial pela ABCZ tem levado a refugo uma quantidade significativa de animais adquiridos a preços bem acima da realidade de marcado. Não quero dizer com isso que com a volta da nelore às pista a gir irá voltar ao patamar de antanho, não! Ela sempre teve seu espaço na pecuária brasileira, o que precisa ao meu ver é defini-lo, encontrá-lo e ocupá-lo. Mas isso de maneira racional. Infelizmente, o óbvio é a verdade mais difícil de ser enxergada, mesmo diante de uma visibilidade explícita.

Luiz Humberto Carrião

sexta-feira, 20 de abril de 2012

CONCURSOS LEITEIROS, uma proposta de avaliação

Muito boa e consistente a proposta de Roberto Ximenes Bolsanello sobre critérios a serem usados em Torneiros Leiteiros. Melhor ainda a disposição do conselheiro José Otávio Lemos em apresentá-la ao Conselho Técnico da ABCZ. Gostaria de propor que houvesse uma ampla discussão no facebook, pelo alcance e facilidade de acesso, mediada pelo José Otávio Lemos (razão óbvia de ser o estafeta da proposta junto à entidade ABCZ) no sentido de fortalecê-la, e mesmo, ampliá-la se necessário. Seria de bom alvitre (no sentido de sugerir) que fosse aberto um grupo específico para essa discussão. Cheguei a discuti-la com o seu autor na madrugada em que foi lançada do facebook, por isso, tomo a liberdade de expor o que entendi, deixando desde já, aberto ao autor, o direito de intervenção nos casos em que meu entendimento não esteja em coerência com o proposto. Nos países desenvolvidos NÃO se paga o leite em litros (quantidade) e SIM em quilos (qualidade) levando em consideração a presença dos sólidos. Estes sim, é que são importantes para a indústria Láctea, não a água. Vacas de 'altíssimas lactações' tem um percentual de sólidos muito baixo, pois estes, acabam se diluindo na água presente no leite, equiparando ao rendimento de uma vaca que produz menos e de forma mais natural. E aí a pergunta: por que não discutir as aferições em Controles e Concursos Leiteiros em QUILOS, tomando como referência os sólidos? Vaca 'A' produziu no controle leiteiro tantos litros, mas com tantos % de sólidos, então, o resultado seria em Kg de sólidos, e não, em kg de leite. Esse tipo de avaliação, inclusive, causaria maior expectativa entre os competidores, uma vez que, nem sempre, a vaca que produzisse maior quantidade de leite seria, necessariamente, a campeã; e sim, a que produzisse mais leite com maior quantidade de sólidos. Exemplo prático para Controle ou Concurso leiteiro: uma vaca produziu no final do concurso 138,85 kg de leite com 11,7% de sólidos; outra, produziu 132,97 com 12,5% de sólidos; e, uma terceira, 135,42 kg de leite com 12,3% de sólidos. O resultado seria 16,24 kg de sólidos, 16,62 kg de sólidos e 16,65 kg de sólidos, respectivamente. A campeã, seria a vaca que tivesse produzido a maior quantidade de sólidos. Neste caso hipotético, a terceira. Porque isso? Para a indústria o que interessa é a qualidade do leite aferida pelo volume dos sólidos, e não pela quantidade de leite aferida pelo volume de água. Seria uma evolução que premiaria vacas que produzissem maior quantidade e qualidade de leite, e não, em absoluto, quantidade. Sabemos que 10 litros de leite lactados através de aditivos, são 'menores' que a mesma quantidade lactada  convencionalmente. Trocando em miúdos: 10 litros de leite de uma lactação 'induzida' terão menos sólidos que os 10 litros de uma lactação 'convencional' (não induzida). Na certificação, atestar que tal animal produziu 840 kg de sólidos em 7000 kg de leite, com 12% de sólidos, em 305 dias. Seria uma revolução nas raças zebuínas de aptidão leiteira em relação as raças europeias criadas no Brasil e a abertura de uma discussão sobre o pagamento do leite ao produtor tomando como referencia a qualidade desse leite.

Luiz Humberto Carrião

C.A EVEREST, o mito


Os instrumentos da teoria semiótica permitem entender melhor o emprego múltiplo do termo imagem numa campanha de marketing. Ora se parece com a visão natural, ora se constrói de um paralelismo qualificativo. É através da imagem que se associa o consumidor ao produto numa observância de fidelidade”

Escrever não tem meio termo, é fácil ou impossível (royalties ao cineasta goiano João Bênio). Mas é preciso ao menos tentar. Tão difícil como escrever é entender o que foi escrito. A linguagem escrita de alcance universal, mesmo que através de idiomas e dialetos diferenciados é que possibilita ao homem, mesmo consciente de que a diferença entre ele e um mono é de menos de 2% em suas programações genéticas, sobrepor a este e a todo reino animal. Isto de certa forma, abriu um fosso aparentemente intransponível entre o homem e o “animal”, embora estejamos classificados taxionomicamente no mesmo reino. Como assevera Jared Diamond, “dentre nossas características únicas está o fato de falarmos, escrevermos e construirmos máquinas complexas”, aliás, máquinas, que se tivessem a capacidade de se auto programar provavelmente não estaria aqui escrevendo esse texto. Pois bem! Uma das mais fantásticas criações humanas utilizando-se do escrever, ler e entender foi a propaganda, no sentido de propagar um determinado produto através da publicidade, no sentido de tornar publico o que se deseja propagar. E neste contexto, imagem e linguagem se integram num só corpo, numa só alma. Tanto a imagem pode ilustrar um texto verbal, como este pode esclarecer uma imagem. Numa campanha de mídia, o primeiro passo é a criação do MITO. Este é que irá habitar o inconsciente coletivo na ação publicitária. Esse mito, tem necessariamente que ser preservado para que haja efeito positivo e duradouro numa campanha.  Um dos gargalos em campanhas de mídia está relacionado a substituição desses MITOS. A raça gir, importada da Índia para o Brasil, não veio de maneira aleatória. Houve por parte dos pioneiros dessa importação todo um estudo comparativo entre a realidade física estrutural do berço do zebu com a aqui existente. E não é só isso, a busca por raças que tivessem adequada adaptabilidade à realidade brasileira se tornou necessária pela dificuldade em aqui serem reproduzidas, com eficácia e eficiência, as raças europeias de onde partiu todo o nosso processo colonizatório. A literatura mostra a estreita ligação da raça gir com a palavra Zebu. Por longos anos o zebu, leia-se germoplasma gir, predominou sobre o rebanho pecuário brasileiro até o advento de explosão da raça nelore para a produção de carne, e do mestiço, para a produção de leite. Os fatores que determinaram esse novo status quo na pecuária brasileira são sobejamente conhecidos, não carece aqui detalhamentos. A partir de então, aqueles que não migraram para a atividade frigorífica com a raça nelore, ou que, em muitos casos passaram para a atividade agrícola, mantiveram seus planteis gir em sua 'pureza racial de origem', ou passaram a utilizar-se da raça para produzir o mestiço através do sucesso leiteiro alcançado pelo 'vigor hibrido' que esse cruzamento propicia em cruzamentos com raças leiteiras especializadas europeias. Nunca acreditei na escuridão, e sim na ausência de luz. E uma vela foi acesa novamente à raça no Brasil, só que agora, através de uma especificidade mais explicita em sua funcionalidade, a produção de leite. Não vejo também aqui, a necessidade de discussão a respeito se deve ou não agregar o fator carne nesta funcionalidade. Tal qual os pioneiros nas importações, esses criadores que identificaram a gir, como a raça zebuína propícia a produção de leite, também tiveram suas odisseias. E foi em de um desses planteis que acreditaram na raça como excelência láctea, que nasceu o mito C.A. Everest, responsável pela implantação no inconsciente coletivo das pessoas que a raça gir, ao contrário do que se imaginava, é produtora de leite sim! E dentro de uma relação custo benefício, viável sim! Querendo uns e não querendo outros. E neste sentido, a imagem do touro C.A. Everest integra um só corpo, uma só alma, quando se fala em raça gir como produtora de leite no Brasil e nos países tropicais. Apesar de seu filho, C.A. Sansão havê-lo superado comercialmente, quando se fala em C.A. Sansão a imagem referência e a do pai, C.A. Everest, O MITO. Mito que ainda dá sustentabilidade a campanha de marketing a uma das raças zebuínas produtoras de leite por excelência. Quando da manifestação sobre a divulgação em rede social de alcance mundial da foto desse MITO ao final de sua vida, foi mais no sentido de preservar o que foi construído através DELE ao longo da história do gir no Brasil como MITO. Nada mais além disso! UMA QUESTÃO MUITO MAIS CIENTÍFICA DO QUE DE SENSO COMUM.

Luiz Humberto Carrião  

terça-feira, 17 de abril de 2012

Sobre a oficialização do uso de BSTs

Um assunto que antes era tabu, do dia para a noite virou debate nas redes sociais. E para o desespero de muitos, as posições assumidas pelos debatedores não tem sido de agrado de seus usuários, nem tão pouco do órgão responsável pela fiscalização que oficializou seu uso em Controles e Torneios Leiteiros.


Tem sido crescente nos grupos dedicados à raça Gir no facebook o interesse em abordar as "altas lactações" conseguidas através do uso de hormônios. Apesar de ainda haver os que defendem  tais procedimentos, o silêncio por parte daqueles que o utiliza é total. Alguns dados estatísticos interessantes apareceram, como por exemplo, de que o "manejo correto" pode acrescer em até 100% na lactação de um animal lactado de maneira convencional. Quando se imaginava o uso dessa referência como base de cálculo para estimar a lactação natural, sem uso de aditivos, diante da oficialização de seu uso em Controles Leiteiros, Torneios Leiteiros e Provas de Produção de Leite, o que se viu foi uma proposta em sentido contrário: a utilização da  referência como ajuste às pesagens em condições normais, ou seja, sem o uso de "bombas" (hormônios que aceleram o metabolismo paralelamente a uma série de medicamentos para tentar evitar a morte do animal durante sua aplicação). Com isso, estimaria-se a capacidade mecânica de produção de um animal sem submetê-lo a esse processo cruel onde a possibilidade de óbito está sempre presente. Porém, existem aqueles que defendem que o uso de "bombas" não obtém respostas em todos os animais a elas submetidos, e mais, que ao seu uso, se faz necessário uma dieta alimentar adequada ao procedimento, o que de certa forma o possibilita a poucos, dado o seu custo operacional. Mais uma justificativa positiva em favor dos que apregoam a utilização do ajuste em lactações convencionais. Uma maneira de democratizar a participação em Torneios ou em Controle Leiteiro. Quando se levanta dificuldade para na utilização desse ajuste, de imediato, a proposta para que seja analisado laboratorialmente esse leite medido em seus Sólidos Totais (ST) ou Estrato Seco Total (EST). Profissionais da área são unânimes em afirmar estar aí o fim do uso de BST (hormônio) e em efeito cascata o de medicamentos como soro de diálise, por exemplo. Existe depoimentos estarrecedores: "Eu já vi leite verde claro saindo dos tetos de uma vaca em concurso leiteiro. Acredite! Fiquei espantado." Outro: "...uma vez, numa grande exposição vi uns preparadores estrangeiros metendo tudo o que pensar (e o impensável - arame) no úbere de uma vaca ***** para ganhar o título... e ganhou... perguntei ao dono sobre o úbere da vaca, sabe a resposta? Ela pode nunca mais dar leite, mas te garanto que vou vender muito embrião...". Se Maomé não for a Montanha, com certeza, a Montanha irá a Maomé. Ou o órgão responsável pela homologação de Torneios e Controles Leiteiros tomam uma providência a respeito, ou ela será tomada pela Sociedade Protetora dos Animais em ação junto ao Ministério Publico Federal, a exemplo do que foi feito em relação às Festas de Rodeios.

Luiz Humberto Carrião

domingo, 15 de abril de 2012

Fotos dos touros da 7ª bateria do TP Girgoiás











Gir Mocho



Variedade ou raça?


Octávio Domingues, afirma que na história de diversas raças, vemos sempre o cruzamento como origem. Raras são as raças inicialmente puras. A maioria resultou de um trabalho inteligente de seleção procedido numa mesma população inicialmente mestiça, muita das vezes até de origem obscura, se não ignorada. Misturar sangue é, algumas vezes, dar origem a novas formas, talvez melhor sob determinados pontos de vista. As raças chamadas mistas, ou de utilidade, provieram, na sua quase totalidade de um trabalho desses. 

Em "A naturalização do Zebu", de dezembro de 1938, Domingues nos diz que só podemos falar seguramente em raça "quando os reprodutores, para multiplicação del, forem tirados da própria população étnica em seleção; quando nenhum reprodutor de outra raça for convidado a intervir com seu sangue no melhoramento que se deseja; quando sua descendência oferecer um grau de uniformidade visível, patente, por duas gerações seguidas, no mínimo", o que não acontece em absoluto com o mocho, onde o próprio Serviço de Registro Genealógico dá a permissividade para a utilização do padrão (chifres) na seleção.


Já a sub-raça ou variedade, isto é, uma subdivisão da raça, continua Domingues, "é um conjunto de animais que variam sem saírem dentro da raça, mas com caracteres que as distingue da massa da população étnica primitiva". Em comparação com o padrão, além da ausência de chifres, a localização do olho não é perpendicular à linha do perfil quando se traça uma linha tocando a inserção posterior e a fronto superior como mostra o livro Fundamentos Raciais do Gado Gir (1989), de autoria de Rinaldo dos Santos, Editora Agropecuária Tropical; arcada orbitária é mais saliente, e, na parte inferior, normalmente apresenta uma depressão; na orelha, a dobra central é mais baixa e não apresenta "gavião" refinado, sendo mais espalmada ou aberta, mais dura ao tato e com tendência de ser mais provida de pelos; a marrava é mais alta e com o nimburi evidente na maioria dos indivíduos; a cabeça mais curta; o chanfro normalmente mais cortante, principalmente nas fêmeas;menos convexa e o corpo tende a características de um gado enquadrado como retilíneo, o que de certa forma, melhor lhe identifica dentro da categoria mais como uma variedade da raça do que uma raça propriamente dita.

Berbault em Dur la nomeclarture dês plantes cultivées explica que a variedade contém um duplo elemento: um morfológico, como a estrutura exterior e outro hereditário. Enquanto o segundo não for verificado, experimentalmente comprovado, há simplesmente "forma", que pode ser definida "como sendo um conjunto de indivíduos recém-originários de um cruzamento ou de uma aclimatação, cuja herança é ainda uma incógnita. Trata-se de um termo que não podemos enquadrar como sendo uma raça ou variedade".


Com a predominância do fator mocho sobre o padrão (chifres), sendo este uma verificação tácita, o mocho nacional deixa de ser enquadrado na taxionomia como forma, para integrar a categoria de variedade. [...]



Luiz Humberto Carrião, Revista Gir & seus cruzamentos, Ano I, número 6, Agosto/setembro de 2003, republicado no Almanaque Gir brasileiro, edição 04, novembro/dezembro de 2006.

Ilustração: Sacristia da Cal (rebanho LHC)

sábado, 7 de abril de 2012

Resultado do TP GIRGOIÁS será durante a MEGALEITE

O resultado do Teste de Progênie da Associação Goiana dos Criadores de Gir - mais conhecida como GirGoiás - será durante a MEGALEITE, exposição realizada pela Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, no Parque Fernando Costa na cidade de Uberaba, Minas Gerais, e não durante a 67ª Exposição Agropecuária do Estado de Goiás e 27ª Internacional de Animais ou mesmo na EXPOZEBU/2012. A discussão se arrastava a meses, onde uns achavam que a Pecuária de Maio, como é conhecida a mostra de animais em Goiânia não daria a visibilidade necessária ao evento. Outros, optavam pela EXPOZEBU/2012 exatamente atender esse quesito, mesmo com o lançamento do TP ABCGIL, mas a MEGALEITE/2012 foi um surpresa. De um criador que possui vários touros no teste: "Eu sabia que vaidades e interesses maiores impediriam a nós goianos o lançamento do resultado na terra em que ele foi idealizado e sustentado por Fazendas Colaboradoras".   

quinta-feira, 5 de abril de 2012


Cuidado com essa tentativa de legalizar ações terroristas no Brasil através de movimentos sociais ou reivindicatórios



Coisas que só acontecem no Brasil. Imaginem! A comissão de juristas que discute uma proposta para um novo código penal sugere a inclusão no texto do anti-projeto o crime de terrorismo, bem como a revogação da Lei de Segurança Nacional, 1983, que atualmente enquadra crimes relacionados a praticas terroristas. De acordo com a proposta da comissão será enquadrado como terrorismo, "causa de terror na população a partir de condutas como: sequestrar ou manter alguém em cárcere privado; usar, portar ou trazer consigo explosivos; gases tóxicos; venenos; conteúdos biológicos, ou, outros meios capazes de causar danos". Também enquadram como crime de terrorismo, "sabotar o funcionamento ou apoderar-se do controle de comunicação ou transporte, de portos, aeroportos, estações rodoviárias e ferroviárias, hospitais, casas de saúde, escolas, estádios, instalações públicas ou locais onde funcionam serviços públicos essenciais, inclusive instalações militares". Até aí tudo bem, porém, vamos ao absurdo dos absurdos: "a comissão decidiu preservar os movimentos sociais e reivindicatórios, determinando que não haja crime de terrorismo no caso de conduta de pessoas movidas por propósitos sociais e reivindicatórios, desde que os objetivos e meios sejam compatíveis e adequados a sua finalidade". A proposta em formato de antiprojeto deverá ser encaminhada em um texto final ao presidente do senado, José Sarney, até o final do mês de maio de 2012, que dará uma decisão final: gaveta ou transformá-la em projeto de lei. Em sendo transformada em projeto de lei,  aprovado pelas duas câmaras, sancionado pela presidente da república, significa que, movimentos sociais como MST (Movimento dos Sem Terras) e suas dissidências estarão excetuados em suas ações terroristas, como aquela ocorrida na cidade triangulina de Santa Vitória, onde em nome da reivindicação à reforma agrária invadiram o prédio da prefeitura municipal, arriaram a bandeira nacional, em seu lugar hastearam a bandeira do movimento; transformaram lavatórios em mictórios e documentos em papel higiênico. Ou então, nas invasões no Pontal do Paranapanema, estado de São Paulo onde chegaram ao máximo. Não se contentando em abater animais de elite na Fazenda Santa Cecília, passaram a jogar gasolina nos animais e colocar fogo. Existem vídeos com essas imagens. É só procurar os sindicatos rurais da região para essas comprovações. Diante dos recentes escândalos políticos onde ícones do senado, câmara dos deputados, assembleias legislativas, câmaras municipais, dirigentes de partidos políticos, membros do executivo e judiciário, levam a sociedade a uma indignação, assistindo a tudo bestializada, embora consciente de que algo precisa ser feito para passar a limpo o país, há que se ter muita responsabilidade com uma proposta dessas. Mesmo que em forma de sugestão em um antiprojeto. Isto porque, com a pressão externa sobre a realização da copa do mundo, 2014 e olimpíadas em 2016, pode virar lei ordinária.  Não podemos desconhecer que o episódio envolvendo o senador Demóstenes Torres reacendeu  o debate sobre o falso moralismo da direita e a falsa esperança de justiça social da esquerda; não podemos desconhecer que os movimentos sociais e reivindicatórios são identificados como de ideologia de esquerda e que, os que produzem como direitistas exploradores e "sem alma"; e muito menos esquecer da História. Lembram das "teatrais" explosões nas bancas de revistas pelas cidades brasileiras? Da frase presidencial, "Canalhas! joguem essas bombas em mim!" Sobre quem recaia a responsabilidade pelos atos terroristas? E na verdade, quem executava tais atos terroristas? Se não fosse a bomba do Rio Centro, explodida antecipadamente, saberíamos quem, na verdade, eram  os executores desses atos terroristas? Isto tudo, num período de exceção dentro de uma clandestinidade.  O Brasil, ao contrário do que apregoam alguns, não necessita de uma guerra civil para se firmar como nação. Responsabilidade senhores! Muita responsabilidade!O país vive hoje um estado de direito, onde a proposta de legalidade para ações terroristas jamais será aceita.

Luiz Humberto Carrião   

segunda-feira, 2 de abril de 2012

O GIR face a face com a História (I)


Numa reunião ocorrida na sede da ASSOGIR - Associação Brasileira dos Criadores de Gir - no edifício sede da ABCZ - Associação Brasileira dos Criadores de Zebu - um acontecimento marcou a História da raça gir no Brasil. Quiçá, se não tivesse havido tamanha intransigência naquele momento, não teria a raça perdido tanto no tempo e no espaço. Era então presidente da ASSOGIR o empresário paulista Marco Antonio Pinseta, que havia adquirido o que sobrara do plantel JZ (José Zacarias Junqueira) e, somado a outros como a marca SJ (doutor Ene Sab), ZS (Zeide Sab), AG (Aderbal Góes) havia começado por onde outros com anos de estrada não haviam conseguido chegar. Pinseta para homenagear os patronais do gir, idealizou o que ficou conhecido como Conselho Superior da Raça. Um dia chegou a me confessar que a ideia inicial era para funcionar como uma espécie de Academia Brasileira de Letras, no sentido de reunir os giristas tradicionais, e, em contra partida, funcionar como um órgão consultivo junto à diretoria executiva. Porém, o que ele nunca imaginou era que aos invés de consultivo, dado ao prestígio de alguns de seus membros, esse Conselho acabaria se transformando em um órgão deliberativo, onde o presidente da associação passou a ser uma rainha da Inglaterra. Nessa época a ASSOGIR tinha por tradição duas cadeiras na mesa diretora da ABCZ, a segunda vice-presidência que esteve vitalícia ao doutor Vicente Araújo de Souza Junior, e outra, de diretor ocupada por indicação da diretoria. Pinseta, na condição de presidente, foi guindado ao posto juntamente com Vicentinho que o havia antecedido na ASSOGIR. A essa época, a convite do presidente Pinseta, embora sócio da entidade, porém, não fazendo parte da diretoria, era convidado a participar das reuniões mensais que ocorriam na segunda terça-feira de cada mês, data esta em que era também realizada a reunião geral de diretoria da ABCZ. Numa dessas reuniões o presidente Pinseta trás para a ASSOGIR a notícia de que o Ministério da Agricultura e Abastecimento havia liberado uma verba no valor de 50 mil reais, via ABCZ, para contemplar o Melhoramento Genético na Raça Gir. Mas como existiam e ainda existem duas associações nacionais promotoras da raça, a ASSOGIR e a ABCGIL - Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro -, o presidente da ABCZ se viu numa saia justa, quando então solicitou ao seu diretor e presidente da ASSOGIR que tentasse viabilizar junto a ABCGIL uma ação conjunta para a utilização dessa verba, mesmo porque a ASSOGIR não possuía um projeto de melhoramento genético ao qual estava designado o emprenho da referida verba. Houve a princípio um contato com a ABCGIL e EMBRAPA - gado de leite - onde já era executado o Teste de Progênie em parceria com ABCGIL para uma reunião buscando um possível entendimento para que os touros de criadores associados à ASSOGIR fossem avaliados juntamente com os da ABCGIL. O saudoso pesquisador do CNPGL, Mário Luiz Martinez fez a apresentação do TP assessorado por demais pesquisadores e técnicos daquela unidade da EMBRAPA, porém logo o impasse: o primeiro de que os touros da maioria dos associados da ASSOGIR não possuíam mães com Controle Leiteiro Oficial, uma dos critérios para inscrição de um animal no teste. Mas isso, depois de algumas ponderações foi resolvido. Abriria-se uma exceção num primeiro momento, e depois de um certo tempo essa exigência seria obrigatória a todos. O segundo era a estimativa de participação de 20 touros naquela bateria, onde a ASSOGIR seria contemplada com a presença de 2 animais. "Como 2 animais se a ASSOGIR iria entrar com 50% daquela verba, além é claro, dos custos normais do teste", questionou de imediato um diretor da ASSOGIR. Martinez, como era chamado, coordenador do TP afirmou que assim que os touros da ASSOGIR atendessem os critérios de pré-seleção, poderia se chegar até ao patamar de 50%, isso era o de menos. Contudo, a posição do presidente do Conselho Superior da Raça, senhor Zeid Sab e de mais alguns de seus pares, deixava claro que um consenso jamais seria alcançado. Agora, eram dois presidentes de saia justa: o da ABCZ que teria que dividir a verba entre duas associações, e o da ASSOGIR, que sem o acordo em torno da participação da ASSOGIR no Teste de Progênie, não teria como utilizar a verba se não criasse um programa de melhoramento genético a ser executado pela entidade que presidia. Na próxima reunião de diretoria esse assunto urgia uma solução, pois, caso não fosse a verba utilizada naquele ano, seria devolvida ao  Ministério o que, de certa forma, dificultaria novas ações neste sentido junto ao órgão. A intransigência da maioria dos membros do Conselho Superior da Raça, que se alinhavam com o presidente "bateu o martelo" pela não participação no TP ABCGIL/EMBRAPA. Os ânimos se exaltaram quando o presidente do Conselho Superior não aceitou uma proposta de licença ao presidente Pinseta, para que o vice-assumisse e fosse até ao presidente da ABCZ levar o resultado da decisão. A posição do Conselho era clara: ou o presidente iria até ao presidente da ABCZ e levava a decisão da reunião, ou renunciasse, licença jamais. O presidente Pinseta levantou, dirigiu-se a uma máquina de datilografia na qual redigiu sua carta renúncia, no que foi acompanhado pelo secretário da entidade, Adauto César de Castro e do diretor técnico, pesquisador da Embrapa, Duarte Vilela. De imediato, o Conselho Superior da Raça deu posse ao vice-presidente, senhora Leda Ferreira Góes que, diante da negativa agora da ABCGIL através de uma reunião marcada para Belo Horizonte, inclusive com a participação do diretor-técnico da ABCZ, senhor Luiz Antonio Josakian, buscou com o apoio do secretário geral do Ministério, Júlio Porcáro Puga, a estruturação de um Teste de Progênie em parceria com a EMBRAPA - arroz e feijão - e a YAKULT - Central de Produção e Comercialização de Sêmen -, o PMGRG - Programa de Melhoramento Genético da Raça Gir -.

Ilustração: Lançamento do PMGRG - Programa de Melhoramento Genético da Raça Gir - Goiânia/Goiás

Luiz Humberto Carrião

domingo, 1 de abril de 2012

O que nos parece uma vaca de 6,88 quilos/leite/dia?


Ao abrir minha caixa e-mail, ontem, 1º, deparei-me com uma notícia de mais um recorde quebrado de produção em concurso leiteiro. Na categoria vaca jovem, um animal alcançou o patamar (médio) de 40,387 quilos de leite, em evento encerrado 29/03/2012. Não quero discutir aqui o que acho dessas competições, do brutal sacrifício imposto ao animal, da teratogênese praticada pelos proprietários desses animais, etc. Nada disso! E sim o que isso acaba influenciando a todos nós criadores e selecionadores, mesmo sabendo que tudo isso não passa de artificialismo. Possuo um rebanho modesto estruturado a partir de animais que tive a felicidade de adquirir dos melhores plantéis do Brasil, como exemplo, do doutor Ene Sab, Zeid Sab, José Zacarias Junqueira (através do Adauto César de Castro e Marco Antonio Pinseta) e por fim, Alberto Ferreira Motta. Nunca me passou pela cabeça ser um selecionador de sementes puras de gir para a comercialização, e sim, um criador que através de um trabalho respaldado por uma controladoria pudesse ao menos empatar. Sempre pensei que o prazer que possuo junto ao gado gir, um 0 x 0 já estaria de bom tamanho, embora tenha sempre superado esse placar de maneira positiva. Sempre tive em mente a aquisição de fêmeas em que tivéssemos uma simbiose, no sentido de entendimento entre dois indivíduos: um animal e outro hominal. Se não houver isso dificilmente fica no rebanho. Parece loucura!, mas o animal tem  essa capacidade. E o que os mais antigos chamavam de expressão. No olhar ele lhe diz tudo! Quanto aos machos sempre achei interessante trazê-los de fora, excetuando-se um ou outro animal que faça a diferença entre os seus pares. Talvez porque sempre vi no doutor Ene, no Zeid, no Edmardo e mais recentemente no Alberto Motta, selecionadores de uma capacidade extraordinária de acasalamento e de um olho de Lince nesse acasalamento. O Alberto Motta empolga muito mais com os produtos machos do que com fêmeas. Incrível isso! Mas é verdade. Produzem (ou produziam àqueles que se foram) muito satisfatoriamente. Também na adquisição de machos sempre houve a preocupação com a tal simbiose. Nunca fui de ficar escolhendo um touro para cada vaca, se tenho somente um como no passado recentemente, trabalha em todo o plantel. Se dois, faço uma divisão entre as vacas, e aí sim, uma análise de pedigree (sempre procurando o verdadeiro) e mesmo fenotípica nas fêmeas, e assim por diante. Atualmente tenho a felicidade de ter um funcionário que gosta de lidar com gado gir e é um excelente inseminador, então ando diversificando mais os acasalamentos, que sempre estarão presentes neste blog, bem como os produtos ao nascerem, e que estiverem sendo recriado dentro do rebanho. Como criador e não selecionador ou colecionador, engraçado, saíram com esse termo agora, colecionador, se ocorre demanda para os machos como reprodutores, são vendidos e com a receita adquiro animais mestiços da mesma idade para recria, engorda e abate. Caso contrario, dou a eles o mesmo destino dos mestiços. Com fêmeas que não enquadram numa característica fundamental a mim, docilidade ou mesmo secundárias como fertilidade e uma produção próxima a estabelecida na linha de corte, seguem a o caminho dos machos, recria, engorda e abate. Dois adendos: sobre a característica docilidade é porque a vejo como a mais fundamental à fêmea dirigida à funcionalidade leiteira; e quanto ao abate (fêmeas) é porque se não serve para mim como criador, evidentemente não servirá a outro. Com relação ao manejo existe também algumas observações do animal em relação ao meio. Utilizo o sistema de pastagem em de piquetes de aproximadamente 5 alqueires cada  (mombaça ou braquiária) durante as águas e, palhada de soja ou milho durante a seca, com as vacas em lactação recebendo silagem de milho (na qual se preserva as espigas) e ração específica para produção de leite na proporção de 1 x 3, isto é, um quilo de ração para cada três quilos de leite produzido. Esse manejo exige uma atenção muito grande em relação a tamanho de umbigo nos machos, e úbere e tetos nas fêmeas. E aí, o assunto chega onde desejava. Num dado momento entendi que não compensava continuar registrando os animais em função das concessões que eram estabelecidas aos rebanhos tidos como leiteiros, e a exacerbada exigência aos rebanhos reconhecidos como padrão. Assim que tive um animal extraordinário negado seu registro por um técnico da ABCZ, sob a alegação de que faltava-lhe desenvolvimento, e que, na idade adulta (foto) a realidade foi bem outra, tanto no peso como na produção de leite, pude perceber que, no caso em específico, estava-se tomando como parâmetro animais preparados para exposições, e não a realidade do animal criado a pasto. Quando resolvi voltar ao registro estabeleci uma linha de corte na produção de leite presente na convenção de 2.100 quilos em uma lactação de 305 dias, sem ajuste, para que o animal fosse considerado leiteiro. A principio parece fácil diante da equação aritmética dividindo 2.100 por 305 que será igual a 6,88 quilos em duas ordenhas. Mas não é. Esses 6,88 quilos/leite/dia é de média em 305 dias. Esse período de lactação tem uma curva: ascendência, pico de produção e descendência. E aí, quando vemos uma vaca jovem produzir 40,387 quilos/leite/dia, mesmo no pico de sua lactação, o que nos parece uma vaca de 6,88 quilos/leite/dia? Sei que neste momento, os leitores estarão dizendo: Carrião, mas aquela pesagem refere-se a um animal no seu individual e não média de rebanho como você está propondo ao seu criatório. Carrião, aquela pesagem tem toda uma estrutura de manejo por trás, o que não ocorre nas vacas que você ordenha diariamente em seu curral. São verdades insofismáveis! Porém os 40,387 quilos/leite/dia encontra-se na mídia dia a dia e acaba como paradigma à raça! Isso é muito sério quando se olha para a raça em si! Quando se olha para média de rebanho! Mais sério ainda para aquele que está iniciando na criação da raça, ou não? Por isso, sou contra a esse tipo de competição. Que me desculpem! Precisamos passar a trabalhar em cima de média de rebanho, e não em cima de animais no sentido individual, que de maneira alguma representam a média do rebanho no qual está inserido. 

Luiz Humberto Carrião