Variedade ou raça?
Octávio Domingues, afirma que na história de diversas raças, vemos sempre o cruzamento como origem. Raras são as raças inicialmente puras. A maioria resultou de um trabalho inteligente de seleção procedido numa mesma população inicialmente mestiça, muita das vezes até de origem obscura, se não ignorada. Misturar sangue é, algumas vezes, dar origem a novas formas, talvez melhor sob determinados pontos de vista. As raças chamadas mistas, ou de utilidade, provieram, na sua quase totalidade de um trabalho desses.
Em "A naturalização do Zebu", de dezembro de 1938, Domingues nos diz que só podemos falar seguramente em raça "quando os reprodutores, para multiplicação del, forem tirados da própria população étnica em seleção; quando nenhum reprodutor de outra raça for convidado a intervir com seu sangue no melhoramento que se deseja; quando sua descendência oferecer um grau de uniformidade visível, patente, por duas gerações seguidas, no mínimo", o que não acontece em absoluto com o mocho, onde o próprio Serviço de Registro Genealógico dá a permissividade para a utilização do padrão (chifres) na seleção.
Já a sub-raça ou variedade, isto é, uma subdivisão da raça, continua Domingues, "é um conjunto de animais que variam sem saírem dentro da raça, mas com caracteres que as distingue da massa da população étnica primitiva". Em comparação com o padrão, além da ausência de chifres, a localização do olho não é perpendicular à linha do perfil quando se traça uma linha tocando a inserção posterior e a fronto superior como mostra o livro Fundamentos Raciais do Gado Gir (1989), de autoria de Rinaldo dos Santos, Editora Agropecuária Tropical; arcada orbitária é mais saliente, e, na parte inferior, normalmente apresenta uma depressão; na orelha, a dobra central é mais baixa e não apresenta "gavião" refinado, sendo mais espalmada ou aberta, mais dura ao tato e com tendência de ser mais provida de pelos; a marrava é mais alta e com o nimburi evidente na maioria dos indivíduos; a cabeça mais curta; o chanfro normalmente mais cortante, principalmente nas fêmeas;menos convexa e o corpo tende a características de um gado enquadrado como retilíneo, o que de certa forma, melhor lhe identifica dentro da categoria mais como uma variedade da raça do que uma raça propriamente dita.
Berbault em Dur la nomeclarture dês plantes cultivées explica que a variedade contém um duplo elemento: um morfológico, como a estrutura exterior e outro hereditário. Enquanto o segundo não for verificado, experimentalmente comprovado, há simplesmente "forma", que pode ser definida "como sendo um conjunto de indivíduos recém-originários de um cruzamento ou de uma aclimatação, cuja herança é ainda uma incógnita. Trata-se de um termo que não podemos enquadrar como sendo uma raça ou variedade".
Com a predominância do fator mocho sobre o padrão (chifres), sendo este uma verificação tácita, o mocho nacional deixa de ser enquadrado na taxionomia como forma, para integrar a categoria de variedade. [...]
Octávio Domingues, afirma que na história de diversas raças, vemos sempre o cruzamento como origem. Raras são as raças inicialmente puras. A maioria resultou de um trabalho inteligente de seleção procedido numa mesma população inicialmente mestiça, muita das vezes até de origem obscura, se não ignorada. Misturar sangue é, algumas vezes, dar origem a novas formas, talvez melhor sob determinados pontos de vista. As raças chamadas mistas, ou de utilidade, provieram, na sua quase totalidade de um trabalho desses.
Em "A naturalização do Zebu", de dezembro de 1938, Domingues nos diz que só podemos falar seguramente em raça "quando os reprodutores, para multiplicação del, forem tirados da própria população étnica em seleção; quando nenhum reprodutor de outra raça for convidado a intervir com seu sangue no melhoramento que se deseja; quando sua descendência oferecer um grau de uniformidade visível, patente, por duas gerações seguidas, no mínimo", o que não acontece em absoluto com o mocho, onde o próprio Serviço de Registro Genealógico dá a permissividade para a utilização do padrão (chifres) na seleção.
Já a sub-raça ou variedade, isto é, uma subdivisão da raça, continua Domingues, "é um conjunto de animais que variam sem saírem dentro da raça, mas com caracteres que as distingue da massa da população étnica primitiva". Em comparação com o padrão, além da ausência de chifres, a localização do olho não é perpendicular à linha do perfil quando se traça uma linha tocando a inserção posterior e a fronto superior como mostra o livro Fundamentos Raciais do Gado Gir (1989), de autoria de Rinaldo dos Santos, Editora Agropecuária Tropical; arcada orbitária é mais saliente, e, na parte inferior, normalmente apresenta uma depressão; na orelha, a dobra central é mais baixa e não apresenta "gavião" refinado, sendo mais espalmada ou aberta, mais dura ao tato e com tendência de ser mais provida de pelos; a marrava é mais alta e com o nimburi evidente na maioria dos indivíduos; a cabeça mais curta; o chanfro normalmente mais cortante, principalmente nas fêmeas;menos convexa e o corpo tende a características de um gado enquadrado como retilíneo, o que de certa forma, melhor lhe identifica dentro da categoria mais como uma variedade da raça do que uma raça propriamente dita.
Berbault em Dur la nomeclarture dês plantes cultivées explica que a variedade contém um duplo elemento: um morfológico, como a estrutura exterior e outro hereditário. Enquanto o segundo não for verificado, experimentalmente comprovado, há simplesmente "forma", que pode ser definida "como sendo um conjunto de indivíduos recém-originários de um cruzamento ou de uma aclimatação, cuja herança é ainda uma incógnita. Trata-se de um termo que não podemos enquadrar como sendo uma raça ou variedade".
Com a predominância do fator mocho sobre o padrão (chifres), sendo este uma verificação tácita, o mocho nacional deixa de ser enquadrado na taxionomia como forma, para integrar a categoria de variedade. [...]
Luiz
Humberto Carrião, Revista Gir & seus cruzamentos, Ano I, número
6, Agosto/setembro de 2003, republicado no Almanaque Gir brasileiro,
edição 04, novembro/dezembro de 2006.
Ilustração:
Sacristia da Cal (rebanho LHC)
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